sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Pastor

Como todos os grupos humanos, também a Igreja precisa de liderança. Ela se define como povo peregrino que, sob a orientação do Divino Pastor, avança entre “vales tenebrosos” para as pastagens eternas. Não há outro remédio. Durante esta passagem, temos de escutar a voz do Mestre e acertarmos o passo para progredirmos. Ser paroquiano – a palavra na sua origem evoca a condição daqueles que estão de passagem – é partilhar uma condição genuinamente nómada. Para que tal aconteça, em primeiro lugar, é importante reconhecer que precisamos do grupo para caminhar. A Igreja é a comunidade a que temos acesso através do sacramento do Batismo. Assinalado pela cruz do salvador, o neófito passa pela porta que o torna membro desse povo peregrino. Esse povo, por sua vez, necessita de um guia. Antes de subir ao céu, Jesus desafia Pedro a apascentar as ovelhas e submete-o a rigoroso exame: «tu amas-me?». Examinados pelo amor, os seus sucessores e todos os que, na comunidade, foram e são chamados a assumir o ministério da liderança, devem-no fazer como expressão amorosa, tendo consciência que as ovelhas são sempre do Divino Mestre e eles apenas meros colaboradores. Fazer das ovelhas o seu rebanho pessoal é desvirtuar a missão que lhes foi confiada, é apoderar-se indevidamente do que não é seu, é ser ladrão e salteador. Este, por sua vez, porque não as ama, serve-se delas como objectos para o seu proveito pessoal e, ao contrário do verdadeiro pastor, não as defende dos perigos do mundo, nem as conduz para lugares seguros. Vivemos num tempo com falta de bons pastores, pessoas que nas mais diversas áreas – desde a política à religião – estejam realmente dispostos a morrer por uma causa, o bem comum das ovelhas a que foram chamados a servir. Alguém que seja autêntico e coerente, capaz de se colocar diante das ovelhas na proximidade dos lobos mesmo correndo risco de vida; alguém que seja dotado de sabedoria divina para procurar a perdida, corrigir a errante e animar a desfalecida; alguém que veja mais longe, que saiba ler os sinais dos tempos, as condições do terreno para, em tudo, procurar a melhor via para o seu rebanho. Neste domingo em particular rezemos pelos nossos pastores, para que o Senhor os fortaleça! Rezemos também por todos aqueles que são chamados a apascentar o Seu rebanho, para que não tenham medo de enfrentar os lobos deste mundo e sintam alegria na missão que receberam de Deus. Pe. Nélio Pita, CM

Sem comentários:

Enviar um comentário