sexta-feira, 1 de agosto de 2014

FÉRIAS CRIATIVAS E CARITATIVAS

1. Descanso interrompido, numa brevíssima pausa de Jesus! E Jesus bem podia reivindicar o seu direito a férias e ao sossego! Mas, na verdade, o seu retiro não é uma fuga, nem uma escapadela de fim-de-semana! Jesus descansa, não para deixar de ouvir as suas gentes, mas para escutar, em profundidade, os gritos e clamores de uma multidão faminta, que O procura. Jesus descansa, não para se dar ao luxo de não fazer nada, mas para reforçar a sua capacidade de tudo fazer pelos outros. Esta é a primeira lição, para estas férias: fazer do descanso, não uma fruição comodista, individualista, egoísta, que ignora tudo e todos, mas um tempo de reforço das nossas energias e capacidades, para uma maior atenção a Deus e aos outros! 2. Depois, ao cair da tarde, a coisa complica-se, com tanta gente e tão pouco para comer! E é ver, de um lado, Jesus, que se compadece, acolhe, cura e manda dar e dividir. E, de outro, os discípulos, insensíveis, prontos a descartar-se e a mandar o povo embora, às compras, de modo que cada um trate da sua vidinha! O segredo do milagre é transformar a lógica do comprar e pagar, na lógica do partir e do dar. O milagre não está na multiplicação do pão, mas na sua divisão! Esta é a segunda lição para as férias: não desfrutarmos sozinhos os dons da criação, da água, do vinho, do pão, do sol, do mar, da restauração. Multipliquemos a nossa alegria, dividindo o que temos, mesmo se nos parece uma gota de água, num mar de misérias! E não percamos as sobras, que afinal são para os outros falhas e migalhas! 3. Inspiro-me em São Paulo (cf. 2ª leitura), para uma terceira recomendação de férias: “nem o trabalho nem o descanso, nem o quarto nem a cozinha, nem a noite nem o dia, nem o fundo do mar, nem a altura da montanha, nem qualquer outra criatura, vos possa separar desta mesa da Eucaristia”. Aqui comereis, sem despesa e sem dinheiro, o que é bom! Só aqui encontrareis o Pão, que não enche estômagos fartos, mas sacia almas, que ainda têm verdadeira fome de Deus! p. Gonçalo (Senhora da Hora)