segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Dos seminários

É um tempo desafiante. É uma época de encruzilhadas e redefinições. De contrastes acentuados entre ricos e pobres, paz e guerra, de muita informação e pouca sabedoria. Nunca tivemos uma visão tão global do mundo e, ao mesmo tempo, sentimos a emergência de conflitos que tendem a fragmentar a sociedade, por razões de ordem económica, religiosa… É neste contexto que alguns são chamados a representar Cristo como cabeça de um corpo que é a Igreja. Eles participam no «sacerdócio comum de todos os fiéis» mas dele diferenciam-se essencialmente na medida em que recebem «um poder sagrado para o serviço dos mesmos fiéis» (CIC, n. 1592). Nada de novo. Desde os primórdios do cristianismo que encontramos a comunidade dos crentes organizada sob a liderança dos ministros ordenados – bispos, sacerdotes e diáconos. Hoje, como ontem, eles são indispensáveis para que a Igreja seja fiel à mensagem de Jesus. Na sua atividade, pública e privada, são chamados a ser servos à imagem d’Aquele que veio para servir. Por isso, pela imposição das mãos, no sacramento da Ordem, foram configurados com Cristo e identificados na sua missão. Para servir. A mentalidade dominante, no entanto, tende a desvalorizar este serviço. Alguns consideram-no anacrónico. Outros recorrem a ele apenas nas tribulações. Muitos são-lhe indiferentes. Outros ouviram o amigo da amiga da prima a dizer que «não vale a pena…». Outros ainda têm um particular prazer em alimentar a temática em torno dos pecados e das fraquezas de algum servo mais desorientado. E, aos poucos, por atos e omissões, se desvirtua a imagem daquele que era chamado a ser a referência. O Pai. O animador. O elo que fazia a ponte entre irmãos tão diferentes. Mesmo entre os cristãos católicos “praticantes” quantos serão os que rezam regularmente pelos seus sacerdotes? Quantos se interessam genuinamente por eles? A semana dos seminários é uma oportunidade para a comunidade crente colocar no seu coração o cuidado com as divinas sementes que Deus generosamente fez geminar entre nós. Elas precisam de um ambiente especial, um seminário, para crescerem até chegar à maturidade. Porque este tempo é desafiante. É tudo muito rapidamente diferente. Eles vão ter de dominar a linguagem dos homens sem deixar de falar a linguagem de Deus. Terão de integrar competências variadas para dar respostas adequadas às muitas necessidades de cada tempo e lugar. Sem perder a cabeça. Com o coração. Animados pela fé no Senhor da messe. Porque sabem que a obra é d’Ele. São resilientes. Confiam. Vêem a eternidade onde há o vazio. Refazem o antigo, retomam com criatividade o que já foi transmitido ao longo dos séculos. Porque estão apaixonados. Sempre. São de Deus. Rezemos por todos aqueles que de alguma forma participam ativamente no processo de formação dos novos sacerdotes.

Pe. Nélio Pita, CM

Sem comentários:

Enviar um comentário