quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

FORTALECEI OS VOSSOS CORAÇÕES

SÍNTESE DA MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2015 Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8) Partindo de um versículo da carta de Tiago, o Papa Francisco, exorta-nos ao fortalecimento do coração e recorda-nos, uma vez mais, neste «tempo favorável» (cf. 2Cor 6, 2) da Quaresma, a “obrigação” de enfrentar a atitude egoísta da «indiferença». Isto é, “encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença”. Ora “a Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho [...] E a Igreja é como a mão que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5, 6). […] Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo”. Tendo em vista esta renovação, o Santo Padre, propõem-nos três textos para meditarmos: 1. «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26): A Igreja. Diz-nos o Papa: “A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença”. E na Igreja, enquanto «comunhão dos santos», “aquilo que cada um possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação”. 2. «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9): As paróquias e as comunidades O Santo Padre conclui este ponto da mensagem com um desejo: “que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!” Por isso, propõem-nos as seguintes perguntas: nas paróquias, comunidades cristãs, movimentos e grupos, “consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc 16, 19-31)?” Ora, para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direcções: • Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. • Em segundo lugar, atravessando o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. E conclui: “A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens. Esta missão passa pelo testemunho de Jesus que quer conduzir todos a Deus, a denúncia do mal e ver no próximo, o irmão e a irmã por quem Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom para a Igreja e para a humanidade inteira”. 3. «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5, 8): Cada um dos fiéis Recorda-nos o Papa que, também como indivíduos, temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência? • Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração. • Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe. • Em terceiro lugar, converter-se a um percurso de “formação do coração”. Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro. E conclui esta mensagem manifestando o desejo de rezar connosco a Cristo: «Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso» (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Pois, “teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença”. Uma Santa Quaresma para todos! P. Fernando, CM

Sem comentários:

Enviar um comentário