terça-feira, 2 de dezembro de 2014

PROJECTA-TE para CRISTO sendo HOSPITALEIRO

Iniciámos o «Advento» e com ele mais um ano litúrgico. Esta palavra significa «vinda». O Advento é o tempo litúrgico que prepara a «vinda» do Senhor – o Cristo. Nós cristãos professamos que Deus é Amor e veio salvar o Seu Povo. Procuramos na fé, ao longo deste tempo, tomar consciência, cada vez mais profunda, de que o anúncio da salvação se cumpriu já e o Salvador veio, ressuscitou, está connosco e vive e faz-nos viver. E assumimos uma atitude de vigilância, esperando a vinda gloriosa de Jesus estabelecendo a «nova terra e os novos céus», comprometendo-nos na edificação dum mundo mais justo e solidário. Na liturgia de Advento, duas figuras se destacam como guias e modelos a seguir, na preparação do Natal: • João Baptista, o percursor (aquele que vai à frente) de Jesus, cuja pregação é um convite à conversão, como indispensável condição para a salvação; • E a Virgem Maria, «a serva do Senhor», que se projectou e acolheu plenamente na vontade do Seu Senhor e esperou, na alegria, a Sua vinda ao mundo. Estas duas figuras do advento são exemplo claro de disponibilidade e de HOSPITALIDADE. Não é fácil definir um valor-virtude tão rico e complexo como este. Muitas vezes, em linguagem coloquial falamos de hospitalidade de modo arbitrário, nivelando-o com outros conceitos análogos, como por exemplo, altruísmo, generosidade, compaixão ou solidariedade. Etimologicamente a palavra “hospitalidade” vem do latim hospes-hospitis (hóspede, estrangeiro, viajante) que deriva do adjectivo hospitalis, que significa qualidade própria de quem exerce a hospitalidade. A hospitalidade consiste em acolher um estranho e vulnerável na própria casa. Isto é, não há hospitalidade sem acolhimento. Mais, dizemos que alguém é hospitaleiro quando exerce a capacidade de acolher outro ser humano no seu círculo íntimo, na sua privacidade – na sua vida. Daí que, à partida, necessitemos de criar e trabalhar um “espaço”, um cubículo, um tecto, um lugar simbólico e/ou afectivo para receber o outro e a sua vulnerabilidade. Mas atentemos nisto: ser hospitaleiro consiste em acolher alguém “estranho”. Mas quem é o “estranho”? É esse sujeito que não faz parte do meu universo racial, social, religioso, linguístico, cultural e/ou económico. Hospitalidade significa, portanto, acolher o outro na minha “CASA” e fazer o possível para que ele se sinta como na sua. A casa aparece aqui na definição não como espaço geográfico ou físico mas como espaço ético. A casa existe enquanto tal quando se dá um lugar de intimidade e de reconhecimento do outro. Quando nela se respeita a liberdade alheia e a sua privacidade. Acolher o outro é disponibilizar o meu espaço para o outro, sem o neutralizar. Isto requer, antes de mais nada, o reconhecimento do outro, do seu direito a existir, da sua dignidade e das suas necessidades. Reconhecer a dignidade do outro significa partir da convicção de que o outro não é um instrumento. É uma pessoa, criado à imagem e semelhança de Deus, e como tal, não tem valor pelo que faz ou pelo que diz, pelo que não faz ou deixa de dizer, mas tem valor em si mesma pelo simples facto de ser pessoa. Tem, aquilo a que se chama, dignidade intrínseca, isto é, algo que não depende de elementos externos ou variáveis com o tempo ou as circunstâncias. E, por que todo ser humano é pessoa… tem direito a ser acolhido. Acolher é agir. Não no sentido de fazer coisas, em andar de um lado para o outro em muitas actividades que, em muitos casos não passam de “fogo para ser visto”, mas em dar espaço e tempo ao outro. No Natal de Jesus, não houve uma «CASA» para Ele vir ao mundo, mas foi acolhido, em primeiro lugar, por Maria e José; anunciado por João Baptista e, sobretudo, aquecido entre animais. Pois é aqui, neste agir “humanizador” dos animais que nós, “discípulos missionários” de Jesus, Maria, Vicente de Paulo e Catarina Labouré, queremos ser reconhecidos. Um Santo Natal e um Novo Ano pleno de VIDA para ti e tua família. Pe. Fernando, CM

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