terça-feira, 11 de novembro de 2014

4 PILARES DA FORMAÇÃO

Bom dia Santo Padre. Chamo-me Daniel, venho dos EUA, sou diácono e sou do Colégio Norte-americano. Nós viemos para Roma sobretudo para uma
formação académica e para respeitar este compromisso. Como fazer para não descuidar uma formação sacerdotal integral, tanto a nível pessoal como comunitário? Obrigado.
Obrigado pela pergunta. É verdade: o vosso objectivo principal, aqui, é a formação académica: graduar-se nisto ou naquilo… Mas existe o perigo do academicismo. Sim, os bispos enviam-vos para aqui para que tenhais um grau académico, mas também para regressar às dioceses; e nas dioceses deveis trabalhar no presbitério, como presbíteros, presbíteros com doutoramento. E se alguém cai neste perigo do academicismo, regressa não o padre, mas o «doutor». E isto é perigoso. Há quatro pilares na formação sacerdotal: isto já o disse muitas vezes, talvez já até já o ouvistes. Quatro pilares: a formação espiritual, a formação académica, a formação comunitária e a formação apostólica. É verdade que aqui, em Roma, se enfatiza – porque para isso fostes enviados – a formação intelectual; mas os outros pilares devem cultivar-se, e os quatro interactuam entre si, e eu não compreenderia a um sacerdote que vem fazer uma especialização aqui, a Roma, e que não tenha uma vida comunitária, isto não funciona; ou que não cuida da vida espiritual – a missa quotidiana, a oração quotidiana, a lectio divina, a oração pessoal com o Senhor – ou a vida apostólica: ao fim de semana fazer alguma coisa, mudar um pouco de ambiente, mas também de ambiente apostólico, fazer alguma coisa ali… É verdade que o estudo é uma dimensão apostólica; mas é importante também que os outros três pilares sejam atendidos. O purismo académico não faz bem, não faz bem. Precisamente por isso, gostei que me fizesses esta pergunta, porque me deu a oportunidade de vos dizer estas coisas. O Senhor chamou-vos a ser sacerdotes, a ser presbíteros: esta é a regra fundamental. E há outra coisa que gostaria de sublinhar: se só se vê a parte académica corre-se o perigo de cair nas ideologias, e isso torna-nos doentes. Adoece também a concepção de Igreja. Para compreender a Igreja é necessário entendê-la pelo estudo mas também pela oração, a vida comunitária e a vida apostólica. Quando caímos na ideologia, e vamos por esse caminho, teremos uma hermenêutica não cristã, uma hermenêutica da Igreja ideológica. E isto faz mal, isto é uma doença. A hermenêutica da Igreja deve ser a hermenêutica que a Igreja mesma nos oferece, que a Igreja mesma nos dá. Compreender a Igreja com os olhos de cristão; entender a Igreja com a mente de cristão; entender a Igreja com o coração de cristão; entender a Igreja a partir da actividade cristã. De contrário, a Igreja não se entende ou se entende mal. Por isso, é importante destacar, sim, o trabalho académico, porque para isso fostes enviados; mas não descuidar os outros três pilares: a vida espiritual, a vida comunitária e a vida apostólica. Não sei se isto responde à tua pergunta… Obrigado.

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