sexta-feira, 21 de março de 2014

ENTRE NÓS (São Tomás de Aquino - Lisboa)

A história é escrita de muitos modos, mas há sempre passagens comuns em todos as narrativas. Todos nascemos num contexto familiar, temos progenitores, idealizamos os nossos pais, passamos por momentos difíceis e aspiramos um final feliz em cada situação que temos de enfrentar. A nossa Paróquia nasceu no seio de uma família religiosa, a Congregação da Missão. Não foi por mero acaso. A presença, nesta área, de uma população pobre que vivia em barracas era considerável e, em conformidade com o lema do instituto, a comunidade dos Padres da Missão cedo começou a apoiar, de muitas formas, os carenciados. A Congregação da Missão, fundada por S. Vicente de Paulo, no longínquo século XVII, estendia assim a sua actividade aos subúrbios de uma capital em expansão. Era o seu campo de acção. Passados vários anos, nesse campo já transformado, nesta Paróquia, não se notam sinais da espiritualidade vicentina: Não há imagem de santo nem lema; nunca houve vocações nem os seus ramos (exceptuando os Vicentinos) estão presentes. Mais ainda: é quase certo que a maioria dos actuais paroquianos desconhecem que todos os responsáveis Párocos desta comunidade foram e são membros da Congregação da Missão e ela, a comunidade paroquial, reuniu e cresceu numa estrutura, as antigas garagens, pertencentes a esta Congregação. Talvez a «ausência de marcas» seja a marca vicentina. É na presença silenciosa, na descrição excessiva, no ardor missionário sem grandes protagonistas, na simplicidade sem contrapartidas que se concretiza o ideário vicentino. Mas este perfil está a ser posto em causa. Num tempo em que é necessário aparecer para existir e em que se multiplicam as ofertas que confundem e desorganizam, poucos se apercebem da presença dos missionários vicentinos. Sem rosto, a instituição não tem uma força sedutora capaz de motivar um jovem a participar no projecto desta grande família. Em 2017 fará 300 anos de presença em Portugal. Resistimos por muito tempo. Vencemos muitas crises e, certamente, ultrapassaremos esta. Neste sentido, a Província Portuguesa da Congregação da Missão instituiu um Ano Vocacional Vicentino. O objectivo é simples: desafiar os cristãos, em particular os que beneficiam da presença vicentina, a rezar pelas vocações e a promover este ideal. É simples de entender, mas muito exigente de por em prática: Seguir Jesus evangelizador dos pobres, Aquele Jesus que no Ev. deste Domingo dialoga com a Samaritana e lhe oferece água viva. Essa é a Missão Vicentina: oferecer a mesma água a todos os homens. Faço-vos um pedido: neste ano, nesta quaresma em particular, rezemos pelas vocações à família vicentina, aquela família que nos viu nascer, fez crescer e continua a caminhar connosco. Pe. Nélio Pita, CM

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