terça-feira, 7 de janeiro de 2014

N…alguém te (ch)AMA!
Igreja e vocações constituem um binómio de interdependência recíproca essencial: não podem subsistir uma sem a outra. A VOCAÇÃO é, na verdade, uma realidade constitutiva da ecclesia, lugar de encontro dos «(ch)amados», dos «(con)VOCADOS». Na Igreja de Deus, com efeito, quem é (ch)amado deve, por sua vez, ser alguém que (ch)ama. Esta, parece-me ser uma realidade que, hoje mais do que nunca, de forma alguma, podemos esquecer e/ou esconder. Ter sido nomeado coordenador da pastoral vocacional da PPCM, despertou-me novamente para isso. E a preparação pessoal que este serviço me está a exigir despertou-me uma tremenda interrogação: a quantos crentes ou fiéis eu pedi para tomar consciência da sua vocação? Concreta e directamente, a quantos jovens e/ou menos jovens dirigi eu o convite a ser missionário ao jeito de Vicente de Paulo? Isto é, que proporção existe em mim entre a minha condição de (ch)amado e a minha condição de “(ch)amante”? Estou convicto de que esta é também uma pergunta que todos os confrades e nossos colaboradores pastorais se põem: temos de nos perguntar o que estamos a fazer com as nossas vidas de (ch)amados, como olhamos o futuro, que “cartas estamos a jogar” e que atitudes estamos a assumir para nos afirmar-nos como protagonistas do desafio da existência? Há quem diga que esta linguagem já não está na moda. Talvez, em parte, até concorde… mas, por outro lado, reparo que os tons da moda são tons “florescentes ou choque”, por isso, permitam-me a ousadia de vos poder “chocar” recordando-vos o direito (diria mesmo) o dever que os jovens e menos jovens têm de compreender para onde se dirigem e decidir livre e responsavelmente o sentido e o carácter da sua existência. Ou seja, questionarem-se sobre a sua vocação. Como vêem e sabem, a pastoral vocacional, não é uma questão de sermões clericais, nem morais!...o que está em causa é a felicidade dos jovens, a sua auto-realização, essa sensação de plenitude que tem a ver com a consciência de estarem a avançar pelo caminho correcto ou de estarem a dar o melhor de si. Aproveitemos o momento em que, felizmente, a maioria dos jovens ainda sabe que para nós, os crentes, esta sensação de realização, beleza, juventude e felicidade, está relacionada com uma condição muito precisa: realizar o plano de Deus. O nosso Deus não é um Deus triste, nem deseja que estejamos tristes; preocupa-lhe tanto a nossa felicidade que nos indica um projecto, o Seu projecto, graças ao qual participamos da Sua mesma alegria, e fora do qual só nos fica a inquietação. Não tenham receio de ser indiscretos e perguntem, sem rodeios e evasivas, aos muitos jovens com quem se relacionam: N…, tu és feliz? Confesso que, no caso de muitos jovens, essa felicidade se assemelha, mais que a um projecto, a uma “linha de sombra” e de indecisão e de incerteza. Em síntese e sinceramente: não me parecem jovens felizes. Ou então, não o são na medida em que o poderiam ser. Já sabemos que a imagem que as investigações e as pesquisas sociológicas, neste momento, nos dão dos jovens não é demasiado atraente! Os jovens de hoje revelam um grande medo (ou incapacidade) para eleger. Por isso, mais necessária e premente é a nossa presença próxima, acolhedora e, sobretudo, capaz de propor e ajudar a eleger caminhos seguros de realização e de felicidade. p. Fernando, CM

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