A minha vocação é filha da Igreja. Filha da Igreja, no sentido de que a
minha família, os pais, em primeiro lugar, os irmãos, por graça de Deus sete no
total e quase todos mais velhos do que eu, os avós e tios, sempre me deram um exemplo
de vida bem inserida e comprometida na comunidade cristã. Uma vivência clara do
que definimos como Igreja doméstica: participação e celebração da Eucaristia dominical, celebração dos sacramentos e percurso catequético, participação nas
festas religiosas e nos vários órgãos e organismos da paróquia, etc.
Em segundo lugar, sinto hoje que a minha vocação é filha da Igreja na
medida em que desde criança a minha paróquia, a começar pelo meu pároco, sempre
me acolheu, incentivou e acompanhou com gosto no meu discernimento vocacional.
E, por último mas não menos importante, sinto hoje que a minha vocação é
filha da Igreja também porque nas várias etapas de formação inicial,
nomeadamente nos seminários da Congregação da Missão, sempre encontrei um
ambiente familiar e fraterno que me proporcionou a vivência equilibrada dos afetos;
sempre encontrei pessoas que souberam fazer as perguntas, ouvir e aceitar as
minhas respostas e, sobretudo, num ambiente de muita liberdade e ternura sempre
souberam apontar o caminho do sacerdócio e da missão como sonho de Deus para
mim.
Ora, num tempo como o nosso muito marcado pela cultura do medo do futuro,
da eterna indecisão, da procura indefinida de certezas que ninguém pode dar, a
minha família, a minha paróquia e o seminário foram aquele “ventre materno” que
sempre me deram a energia para crescer, as carícias necessárias para me sentir
amado e desejado e as “canções” e palavras que me ajudaram a identificar que a
“voz” que me chamava era a voz de Deus e da Igreja que chama porque ama, de
modo que a minha realização pessoal possa coincidir sempre com a realização da
comunidade de Cristo, rosto da misericórdia e evangelizador dos pobres.
P. Fernando, CM
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