Um Barco para Ítaca//
Quando um homem se põe a caminhar/
deixa um pouco de si pelo caminho./
Vai inteiro ao partir, repartido ao chegar/
O resto fica sempre no caminho/
quando um homem se põe a caminhar.//
Fica sempre no caminho um recordar,/
fica sempre no caminho um pouco mais/
do que tinha ao partir, do que tem ao chegar/
Fica um homem que não volta nunca mais,/
quando um homem se põe a caminhar.//
Vão-se os rios sem margens para o mar./
Ai rio da memória: só imagens,/
O mais é só um verde recordar,/
é um ficar (sem as levar) nas verdes margens,/
quando um homem se põe a caminhar.//
(Manuel Alegre)
Sem comentários:
Enviar um comentário