quarta-feira, 28 de maio de 2014

Maria, é um grande SIM

“Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1, 38)
Para que Deus pusesse em marcha o seu grande projecto de salvação, era necessário um grande “sim”. Um “sim” divino e um “sim” humano. O “sim” divino é dado por Jesus, o Filho que aceita voluntariamente assumir a condição humana e dar-nos, pelo caminho da vida e do sofrimento, a vida imortal. O “sim” humano, em toda a consciência e liberdade, é dado por Maria, a jovem de Nazaré, que se abandona nas mãos de Deus, a fim de que nela se opere o mistério da salvação. Deus propõe e Maria escuta e, pela fé, acolhe a mensagem divina. Como possa ser isso, em nada a preocupa. Ela, apenas, em sua humildade, diz não “conhecer homem” e Deus responde que, o que nela se vai operar, é fruto do Espírito Santo. “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” é adesão plena ao projecto de Deus. Maria acredita e a vontade de Deus realiza-se. O que aos olhos dos homens é impossível, a Deus é possível. E todo este mistério, começado na humilde casa de Nazaré e atingindo o cimo do Calvário, nos braços da Cruz, precisou do “sim” de Jesus e de Maria. “Em tuas mãos, ó Maria, está o preço da nossa salvação – como disse São Bernardo – a tua resposta pode renovar-nos e restituir-nos à vida”. Tu que lês estas linhas, Jesus respondeu ao plano do Pai com um “sim” categórico, responsável e livre. Maria deu o seu “sim” em toda a liberdade e consciência. Todos somos chamados à actualização deste “sim” em nossa vida concreta e na história do nosso tempo. O “sim” baptismal é a nossa consagração ao plano de Deus. Qualquer que seja o “sim” que Deus te peça, só por Ele e pela sua Igreja será aceite em toda a tua plena liberdade e consciência, de modo que assumas toda a sua responsabilidade. E quando damos o nosso “sim”, diante de Deus e diante dos outros, a paz e a alegria enchem o nosso coração porque o Espírito Santo renova continuamente tudo em nós. Depois de ter dado o “sim” Maria deixou a Deus o curso da sua vida e a história do seu povo. Vicente de Paulo, depois da verdadeira tomada de consciência do “sim” sacerdotal, deixou que Deus realizasse, por seu intermédio, a obra maravilhosa da Caridade e da Evangelização do “pobre povo do campo”. Enquanto correu atrás de honras e dos benfícios não passou de uma caricatura de um pobre sacerdote; porém, só quando se deu todo aos outros – aos mais pobres dos pobres – aparece a grandeza do padre Vicente à medida da grandeza do seu “sim” e da obra que Deus por ele realizou!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Pastor

Como todos os grupos humanos, também a Igreja precisa de liderança. Ela se define como povo peregrino que, sob a orientação do Divino Pastor, avança entre “vales tenebrosos” para as pastagens eternas. Não há outro remédio. Durante esta passagem, temos de escutar a voz do Mestre e acertarmos o passo para progredirmos. Ser paroquiano – a palavra na sua origem evoca a condição daqueles que estão de passagem – é partilhar uma condição genuinamente nómada. Para que tal aconteça, em primeiro lugar, é importante reconhecer que precisamos do grupo para caminhar. A Igreja é a comunidade a que temos acesso através do sacramento do Batismo. Assinalado pela cruz do salvador, o neófito passa pela porta que o torna membro desse povo peregrino. Esse povo, por sua vez, necessita de um guia. Antes de subir ao céu, Jesus desafia Pedro a apascentar as ovelhas e submete-o a rigoroso exame: «tu amas-me?». Examinados pelo amor, os seus sucessores e todos os que, na comunidade, foram e são chamados a assumir o ministério da liderança, devem-no fazer como expressão amorosa, tendo consciência que as ovelhas são sempre do Divino Mestre e eles apenas meros colaboradores. Fazer das ovelhas o seu rebanho pessoal é desvirtuar a missão que lhes foi confiada, é apoderar-se indevidamente do que não é seu, é ser ladrão e salteador. Este, por sua vez, porque não as ama, serve-se delas como objectos para o seu proveito pessoal e, ao contrário do verdadeiro pastor, não as defende dos perigos do mundo, nem as conduz para lugares seguros. Vivemos num tempo com falta de bons pastores, pessoas que nas mais diversas áreas – desde a política à religião – estejam realmente dispostos a morrer por uma causa, o bem comum das ovelhas a que foram chamados a servir. Alguém que seja autêntico e coerente, capaz de se colocar diante das ovelhas na proximidade dos lobos mesmo correndo risco de vida; alguém que seja dotado de sabedoria divina para procurar a perdida, corrigir a errante e animar a desfalecida; alguém que veja mais longe, que saiba ler os sinais dos tempos, as condições do terreno para, em tudo, procurar a melhor via para o seu rebanho. Neste domingo em particular rezemos pelos nossos pastores, para que o Senhor os fortaleça! Rezemos também por todos aqueles que são chamados a apascentar o Seu rebanho, para que não tenham medo de enfrentar os lobos deste mundo e sintam alegria na missão que receberam de Deus. Pe. Nélio Pita, CM

sábado, 3 de maio de 2014

NÃO TE APAGUES...ALGUÉM TE CHAMA!

Entre o III Domingo da Páscoa (4 de Maio) e o IV Domingo da Páscoa vivemos mais uma semana de oração pelas Vocações. Para este 51.º Dia Mundial de Orações pelas Vocações, o nosso Papa Francisco escolheu, como título da sua mensagem (texto que facilmente encontrarás mais abaixo neste blog): “Vocações, testemunho da verdade”. Segundo as palavras do Santo Padre, “nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno.”. Por isso, antes de reconhecermos em cada um de nós esse testemunho, importa centrar todo o nosso coração e o nosso pensamento naquele que nos concede a graça das vocações. Começa por "olhar" à tua volta, para aqueles vivem contigo. Reconheces admiração pela Sua obra em cada um de nós, em cada uma das nossas vidas? E gratidão por esse Amor infinito e misericordioso. Adoração ao Pai pelo que Ele é e por tudo o que faz em nós e através das nossas mãos? Reflitamos, com a ajuda da vocação do profeta Jeremias, sobre a vocação de cada um de nós. «A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» (Jer 1, 4-5) Perante o nosso silêncio, há um Deus que chama cada um pelo seu nome… Podemos percorrer todas as montanhas, atravessar todos os oceanos, podemos procurá-Lo nos cantos e recantos do mundo… Mas precisamos de parar, de fazer silêncio, para que Ele nos possa encontrar. «E eu respondi: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem.» Mas o Senhor replicou-me: «Não digas: ‘Sou um jovem’. Pois irás aonde Eu te enviar e dirás tudo o que Eu te mandar. Não terás medo diante deles, pois Eu estou contigo para te livrar» – oráculo do Senhor.» (Jer 1, 6-8) As nossas dúvidas, os nossos anseios… E um Deus que apenas nos pede: confia em Mim. Não devemos ter medo, Ele nunca nos abandona. O Senhor partilha connosco a responsabilidade de cada projeto, de cada ação. «Em seguida, o Senhor estendeu a sua mão, tocou-me nos lábios e disse-me: «Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; a partir de hoje, dou-te poder sobre os povos e sobre os reinos, para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares.» (Jer 1, 9-10) Do Senhor parte sempre o primeiro passo, lado a lado com o convite que nos dirige para sermos Seus colaboradores. E o Senhor permite-nos que aceitemos livremente esse convite, para nos colocarmos ao serviço d’Ele. Se o deixarmos atuar em nós, Ele será o nosso guia, a nossa fortaleza e nada nos faltará. «Depois foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: «Que vês, Jeremias?» E eu respondi: «Vejo um ramo de amendoeira.» «Viste bem – disse-me o Senhor – porque Eu vigiarei sobre a minha palavra para a fazer cumprir.» (Jer 1, 11-12) É preciso estar atentos, vigilantes ao Senhor, ao que Ele nos vai pedindo ao longo do caminho. Assim, firmes na fé, fortes e corajosos, levaremos a Sua mensagem como luz que preenche o espaço ao seu redor. Por isso, NÃO TE APAGUES…ALGUÉM TE CHAMA!